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ZAMBÉZIA, Moçambique - Dias depois de o ciclone Freddy, o mais severo dos últimos tempos, ter atingido Moçambique pela segunda vez, Diana Dino, de 23 anos, da província da Zambézia, a mais atingida, foi a um centro de saúde próximo para uma consulta de rotina de cuidados pré-natais. O seu parto estava previsto para qualquer dia. O que ela constatou foi que os serviços tinham sido interrompidos porque o ciclone danificou as infra-estruturas da unidade de saúde. Com opções limitadas, Diana não teve outra hipótese senão dar à luz em casa. 

No entanto, apenas um dia depois, Diana soube que os serviços de saúde na sua comunidade estavam a ser retomados através de tendas recentemente instaladas pelo Governo de Moçambique, com o apoio do UNFPA, o Fundo das Nações Unidas para a População. Estas tendas permitiriam a continuação dos tão necessários serviços de saúde materno-infantil na zona. 

Orgulhosa de ter sido a primeira paciente atendida dentro das tendas, Diana e o seu filho recém-nascido receberam cuidados pós-natais dos profissionais de saúde. "Felizmente, a mãe e o bebé estão bem de saúde," disse a enfermeira Lica Estevão, acrescentando: "Com as tendas instaladas, já começámos a assistir a um aumento do número de mulheres que procuram os serviços de saúde”.

No mundo inteiro, em situações e em tempos de crise, a assistência qualificada ao parto e os cuidados obstétricos de emergência podem não estar disponíveis, agravando a vulnerabilidade das mulheres grávidas. Este é particularmente o risco para as mais de 31.100 mulheres actualmente grávidas que são afectadas pela tripla crise do ciclone Freddy, das inundações e da cólera.


Mulheres e raparigas afectadas por ciclones retomam o acesso a serviços
que salvam vidas através da instalação de tendas na província da
Zambézia, Moçambique Foto: UNFPA Moçambique/Helder Xavier

Apenas na província da Zambézia, 741 136 pessoas foram afectadas (em 25 de Abril de 2023), incluindo milhares de mulheres que irão dar à luz no próximo mês e que necessitam urgentemente de acesso a cuidados obstétricos. Trabalhando em estreita colaboração com o Governo, o UNFPA adquiriu e instalou essas tendas, permitindo que as mulheres e as raparigas tenham acesso a serviços atempados e que salvam vidas na privacidade.

Necessidade urgente de serviços de planeamento familiar 

Nas proximidades, o impacto do ciclone também obrigou outro centro de saúde a suspender muitos serviços. Em resposta, as tendas instaladas pelo UNFPA serviram de sala de maternidade para o centro de saúde, com a outra sala a oferecer contraceptivos e serviços de saúde sexual e reprodutiva.  

Inês Moisés (28 anos) beneficiou destas tendas. Embora tenha falhado a sua rotina habitual de injecção contraceptiva durante duas semanas, ela partilha que:

 "Quando soube que as tendas estavam montadas, apressei-me a ir buscar o meu contraceptivo.” 

 


À semelhança de outras mulheres, Inês pode agora receber a sua dose
habitual de planeamento familiar Foto: UNFPA Moçambique/Helder Xavier

Com uma em cada cinco mulheres em idade reprodutiva em Moçambique que querem evitar ou espaçar uma gravidez e que não utilizam qualquer forma de planeamento familiar (IMASIDA 2015), garantir o acesso contínuo à contracepção é fundamental - particularmente numa catástrofe natural. 

As tendas são uma ‘lufada de ar fresco’

"Temos trabalhado arduamente para garantir que elas [mulheres e raparigas] não tenham de enfrentar gravidezes indesejadas," partilha a enfermeira Rosana Henriques. Acrescenta que as tendas são uma "lufada de ar fresco para o seu trabalho" porque o fluxo de mulheres e raparigas que procuram serviços de saúde sexual e reprodutiva diminuiu inicialmente devido à falta de privacidade e de serviços nos centros danificados. 

Isso mudou agora, com o aumento do número de mulheres e raparigas que procuram serviços. Em meados de Abril, o UNFPA montou 17 tendas para permitir o acesso imediato e seguro a serviços de saúde a mais de 20.000 mulheres e raparigas. 

Para continuar a satisfazer as necessidades das pessoas mais vulneráveis, o UNFPA procura urgentemente 5 milhões de dólares no âmbito da adenda ao Plano de Resposta Humanitária para apoiar 456.447 pessoas, das quais 109.547 são mulheres em idade reprodutiva, a fim de assegurar a continuidade dos serviços de saúde e de prevenção e resposta à VBG que salvam vidas. 

Uma vez que os partos e as gravidezes não param em situações de emergência, o apoio financeiro permitirá que mulheres como a Diana e a Inês recebam os serviços atempados de que necessitam para fazerem escolhas informadas sobre o seu corpo e a sua saúde reprodutiva.