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Dia Internacional da Mulher 2024
Declaração da Directora Executiva do UNFPA, Dra. Natalia Kanem

Investir nas mulheres e nas raparigas: Inspirar a inclusão, promover a prosperidade

Um futuro pacífico e próspero depende do empoderamento das mulheres e das raparigas. Há trinta anos, na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, realizada no Cairo, 179 países concordaram que esta era postura necessária para um desenvolvimento global sustentável.

Desde então, os investimentos dedicados à saúde e aos direitos das mulheres e das raparigas melhoraram - e salvaram - milhões de vidas. Desde o ano 2000, o número de mortes de mulheres e raparigas por complicações evitáveis durante a gravidez e o parto baixou mais de um terço. O número de raparigas que dão à luz ainda adolescentes também diminuiu um terço durante este período. Já o número de mulheres que utilizam contraceptivos modernos duplicou desde 1990.

No entanto, embora as tendências gerais mostrem grandes avanços na busca pela igualdade de género, não reflectem as experiências vividas por milhões de pessoas que continuam a ser deixadas para trás - em grande parte devido à persistência da desigualdade de género, muitas vezes em combinação com outras formas de discriminação. As mulheres e as raparigas com deficiência, pertencentes a minorias étnicas e raciais ou que se identificam como LGBTQI+ continuam a ser impedidas ter o devido acesso à sua saúde e aos seus direitos sexuais e reprodutivos. Para aquelas em contexto de conflito e/ou catástrofes climáticas, a situação agrava-se, pois os serviços de planeamento familiar e violência baseada no género costumam desmoronar-se precisamente quando são mais  necessários. 

Conseguir um futuro melhor para todas e todos, quem quer que sejam e onde quer que estejam, exige um apoio rápido, sustentado e transversal - exige um investimento nas mulheres e nas raparigas de todo o mundo. As boas notícias são: sabemos o que funciona e o que são bons investimentos. 

De acordo com o estudo do UNFPA e dos seus parceiros académicos, são necessários 222 mil milhões de dólares  para garantir o fim das mortes maternas evitáveis, eliminar as necessidades não satisfeitas de planeamento familiar e proteger as mulheres e as raparigas em todo o mundo da violência baseada no género e de práticas nocivas até 2030. Este investimento tem o potencial de transformar a vida de milhões de pessoas. 

As raparigas que não são forçosamente casadas enquanto crianças, têm mais hipóteses de terminar a escola e de ter um emprego, trazendo biliões de dólares em benefícios económicos para a sociedade. O aumento da participação das mulheres no local de trabalho aumenta o seu potencial de ganho ao longo da vida e pode aumentar o PIB per capita em quase 20%. As empresas que subsidiam a saúde sexual e reprodutiva das suas equipas podem aumentar a produtividade até 15% e reduzir o desgaste de talentos até 22%. Quando investimos nas mulheres e nas raparigas, todos ganham.

No entanto, apesar destes benefícios claros, os investimentos ainda não são suficientes: em 2017, menos de 1% da ajuda global para a igualdade de género e o empoderamento das mulheres foi para organizações de mulheres. Em 2022, menos de 1% da ajuda mundial ao estrangeiro destinou-se a pôr fim à violência baseada no género. Apenas 1% da investigação mundial no domínio dos cuidados de saúde é investido em doenças específicas das mulheres, para além da oncologia. As mulheres e as raparigas merecem mais e melhor.

Temos uma grande dívida de gratidão para com as mulheres de todo o mundo que lideraram a marcha pela igualdade de género nas suas famílias, lares, locais de trabalho e comunidades. Mulheres como Safia*, uma sobrevivente da mutilação genital feminina que perdeu uma filha devido a esta prática e que se recusou a sujeitar a segunda filha à mesma, e Ngoma*, de 15 anos, que está a sensibilizar comunidades sobre a violência sexual e de género e a mobilizar a sua comunidade para a defesa dos direitos das raparigas.

Devemos às mulheres e às raparigas investimentos reais, como o apoio ao ensino secundário, a defesa da sua liderança nas novas tecnologias, o apoio às suas próprias inovações contra a violência e a abertura de mais plataformas para ouvir as suas vozes e ajudá-las a salvar vidas.

Só investindo na inclusão social, económica e política das mulheres e das raparigas é que reforçaremos o nosso tecido social e criaremos algo verdadeiramente belo: Um futuro que funcione para todas e todos.