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Aos 18 anos de idade, Alen Inácio orgulha-se do impacto positivo que o seu trabalho como mentor e activista teve na sua comunidade no distrito de Macanga. Com o brilho de satisfação nos olhos, ele partilha a sua experiência que considera única:

“Durante a formação, identifiquei-me com o tema relacionado com violência baseada no género, por se tratar de uma situação recorrente na comunidade e que não julgava correcto,” disse.

“Durante a formação, identifiquei-me com o tema relacionado com violência baseada no género, por se tratar de uma situação recorrente na comunidade e que não julgava correcto,” disse.

Alen liderou sessões de mentoria que reuniram um grupo de rapazes, no âmbito do programa Minha Escolha, financiado pelo Reino dos Países Baixos e implementado em seis distritos da província de Tete (2017-2020), e quatro distritos em Cabo Delgado (2019-2020). O programa visava reduzir as gravidezes indesejadas entre raparigas e mulheres jovens através do acesso universal ao planeamento familiar e aos serviços de saúde sexual e reproductiva (SSR).

 


Alen Inácio fazendo o símbolo de repúdio à violência baseada no género ©UNFPA Moçambique

Este trabalho é incrivelmente relevante e importante, uma vez que as províncias do norte, incluindo Cabo Delgado e Tete, registam as taxas de mortalidade materna mais elevadas (mais do dobro das províncias do sul) do país (Censo 2017). Informar, educar e garantir o acesso aos serviços para os jovens é, portanto, extremamente importante.

O programa Minha Escolha trouxe uma abordagem transformadora inclusiva, na medida em que incluiu adolescentes, jovens e homens adultos no processo de mudança de práticas nocivas, como a violência baseada no género, a relação dos jovens com o álcool e a saúde e direitos sexuais e reprodutivos nas comunidades.

Na província de Tete, mais de 35.000 homens e rapazes foram orientados por mentores formados sobre questões relevantes para as suas vidas.

“Durante uma sessão de mentoria, um jovem veio ter comigo, disse que estava sensibilizado após ouvir-me falar e partilhou a sua história. Ele mencionou que os pais não estavam satisfeitos com o seu comportamento e pretendiam expulsá-lo de casa”, conta Alen, tendo acrescentado que procurou os progenitores do jovem e os convenceu a dar uma segunda oportunidade e, graças às sessões de mentoria, o jovem mudou de comportamento de forma positiva. “Os pais estão gratos por eu ter ajudado na mudança do filho” disse Alen visivelmente orgulhoso. 

 


Alberto Aço, mentor, fazendo o símbolo de força
©UNFPA Moçambique

O programa Minha Escolha ajudou a melhorar autoestima, empoderamento juvenil e resgate de sonhos e propósito de vida dos adolescentes e jovens - quem assim o diz é Alberto Aço, de 18 anos de idade, que contou o drama de ter vivido  sob influência de drogas, e as consequências que isso trouxe para a sua vida. 

“Eu era um jovem muito tímido, e o álcool dava-me a liberdade que eu não tinha. As minhas companhias faziam o mesmo que eu, e não queríamos mais ninguém por perto. Os meus pais já tinham perdido esperança de que eu teria um rumo na vida”, afirmou e conta que os seus progenitores ficaram muito felizes quando ele abraçou o projecto: “Eles testemunharam a minha mudança de comportamento e hábitos, e hoje consideram-me um modelo para outros jovens da minha idade que estão no mundo das drogas.”

Alen e Alberto continuam a inspirar outros jovens da sua comunidade - um papel que não tencionam deixar de desempenhar tão cedo:

"As pessoas respeitam-me pelo trabalho que faço, apesar de ser mais jovem. Trago sempre comigo as palavras que um líder local me disse um dia: sê um líder que as pessoas sigam voluntariamente, porque esse é o segredo do sucesso e essa é a única forma de promover uma verdadeira mudança. Essas palavras marcaram-me e levo-as para todos os domínios da minha vida", conclui Alen.