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Sofala, Moçambique - Eulina João, hoje com 19 anos, foi mãe pela primeira vez com 17 anos. Sem conhecimentos cruciais sobre os seus direitos sexuais e reprodutivos, Eulina sente que com o conhecimento que tem hoje sobre planeamento familiar, a sua vida poderia ter tomado um rumo diferente. 

“A minha bebé tem nove meses. Se há dois anos atrás eu soubesse o que sei hoje, toda a informação que este projecto nos trouxe através dos agentes comunitários de saúde, poderia ter tomado decisões diferentes, e ter feito outro planeamento para a minha vida familiar”, partilha a jovem.

“A minha bebé tem nove meses. Se há dois anos atrás eu soubesse o que sei hoje, toda a informação que este projecto nos trouxe através dos agentes comunitários de saúde, poderia ter tomado decisões diferentes, e ter feito outro planeamento para a minha vida familiar”, partilha a jovem.

O projecto a que se refere Eulina é o de Melhoria da Saúde Reprodutiva, Materna e dos Adoslecentes, a ser implementado em quatro distritos da província de Sofala (Beira, Dondo, Nhamatanda e Búzi). Liderado pelo Governo de Moçambique, com o apoio técnico do UNFPA e financiamento da Agência de Cooperação Internacional da Coreia (KOICA)  o projecto pretende mudar os dados nacionais que dão conta que, em Sofala, apenas 15% da população usa contraceptivos e a taxa de mortalidade materna da província é de 355 por 100.000 nados vivos (Censo 2017).

 


Aos 15 anos, Delfina procurou a sua mãe depois de uma sessão de sensibilização para a saúde sexual e reprodutiva e planeamento familiar. A rapariga sente-se apoiada pela mãe, que a incentivou a usar contraceptivos. Foto: UNFPA Mozambique / Hélder Xavier

Há quatro meses, tive acesso a um implante contraceptivo. Sinto que agora posso decidir o meu futuro, e dedicar-me à escola”, conta a jovem. 

Incentivei a minha filha a usar contraceptivos” - tutores pela garantia de um futuro saúdavel e seguro para os jovens

Aos 15 anos, Delfina Patrício teve o apoio da sua mãe para começar a tomar contraceptivos. Depois de receber a orientação de um activista comunitário de saúde sobre os seus direitos sexuais e reprodutivos, a rapariga foi falar com a sua mãe. 

O activista falou-me sobre a minha saúde, sobre palneamento familiar. Eu entendi aquilo que me foi dito e decidi partilhar essa informação com a minha mãe. Eu estava grávida e não sabia o que fazer”, conta Delfina. 

A sua mãe, Deolinda, ouviu  a filha com preocupação.

“A minha prioridade é o seu bem-estar. Depois de ter o bebé, e de ouvir toda a informação que ela me trouxe sobre métodos contraceptivos, incentivei a minha filha a usá-los. Vejo tantas meninas grávidas, tão cedo. Gostaria de de ter tido acesso à informação há mais tempo, podia ter orientado a minha filha mais cedo”, partilha Deolinda. 

 


Os activistas comunitários, aqui numa sessão de sensibilização, são os agentes centrais deste projecto, que pretende introduzir melhorias sustentáveis na saúde reprodutiva, materna e dos adolescentes, promovendo comportamentos saudáveis e prestando serviços de saúde abrangentes e de alta qualidade.  Foto: UNFPA Mozambique / Hélder Xavier

Em Moçambique, mais de metade dos partos ocorre entre mulheres de 15 e 24 anos. No geral, quatro em cada dez raparigas casam aos 17 anos, sendo Sofala uma das províncias nacionais com uma maior percentagem de uniões prematuras entre os 15 e os 17 anos.

Através do projecto Melhoria da Saúde Reprodutiva, Materna e dos Adoslecentes, activistas comunitários de saúde promovem sessões porta-a-porta e de sensibilização comunitária para o planeamento familiar e direitos sexuais e reprodutivos. Cientes dos desafios enfrentados pelas comunidades, onde o apoio ao planeamento familiar é limitado, activistas como Manuel Manhoso, consideram o apoio dos pais essencial para a garantia de um futuro saudável para rapazes e raparigas. 

"É incrivelmente encorajador quando uma mãe ou um tutor apoia e encoraja os seus filhos a usar contraceptivos", comenta o agente comunitário de saúde Manuel. “Aumentar a procura pelos serviços de saúde sexual e reprodutiva nas unidades sanitárias e nas clínicas móveis, é um dos nossos principais objectivos. Quando vemos que o nosso trabalho está a ter impacto também nos país, é muito importante”. 

Com o apoio do financiamento da KOICA, o UNFPA tem vindo as comunidades da província de Sofala com cinco clínicas móveis que, todos os meses, visitam as áreas mais remotas da província, levando continuamente serviços de qualidade, não deixando ninguém para trás. As clínicas atendem hoje, em média, 600 raparigas e mulheres jovens por mês, prestando-lhes cuidados essenciais de saúde sexual e reprodutiva e planeamento familiar.