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Pemba - Neste domingo (28), uma acção coordenada entre agências das Nações Unidas (ONU), o governo moçambicano e bombeiros brasileiros salvou a vida de centenas de pessoas em Pemba, norte do país. A Agência das Nações Unidas para a População (UNFPA) estava em campo acompanhando as buscas e contribuindo para o processo de busca e resgate das pessoas em perigo. 

“Neste momento, estamos a avaliar os nossos estoques remanescentes de kits de maternidade (com equipamentos para atender mulheres grávidas e em trabalho de parto) na Beira para depois os enviarmos através dos parceiros de implementação para os centros de saúde afectados em Cabo Delgado. Activámos hoje o grupo de trabalho (cluster) de protecção de Pemba com o ACNUR (Agência da ONU para os Refugiados) e o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Estamos a carregar um camião na Beira com tendas para clínicas que apoiam serviços de saúde e protecção da mulher. Também estamos a organizar a distribuição de kits de dignidade (com itens para a higiene e segurança da mulher e raparigas) e kits de Saúde Sexual e Repuductiva”, disse Ingo Piegeler, coordenador humanitário do UNFPA.


Crianças em alojamento no dia seguinte à passagem do ciclone Kenneth - Foto UNFPA 

Desde o início da resposta ao ciclone Idai (que atingiu Moçambique em 14 de março deixando mais de 600 mortos no país), o UNFPA realizou diversas actividades como distribuição de mais de 4 mil kits de dignidade, montagem de clínicas de atendimento dedicados à prevenção e combate à violência baseada no género em centros de acolhimento incluindo a distribuição de kits de maternidade, treinamento de activistas e parteiras que actuarão em locais de maior vulnerabilidade após o ciclone Idai e Kenneth.


Bombeiros brasileiros em acção com transporte do UNFPA - Foto de UNFPA 

Em Moçambique há mais de um mês para atender as vítimas do ciclone Idai, um grupo de 24 bombeiros brasileiros tem auxiliado o UNFPA , outras agências da ONU e o governo do pais no salvamento, buscas e no processo de reconstrução das áreas afectadas pelo ciclone Idai.

"Nós tiramos muitas pessoas de áreas vulneráveis que estavam completamente alagadas. A água foi subindo e destruiu muitas áreas residenciais. Se as pessoas estivessem lá provavelmente não teriam resistido. Mais de 100 poderiam ter sido vítimas fatais, e foram só vítimas de um alagamento", contou o capitão Kleber Castro, que comandou a operação de busca e salvamento. 


Reunião entre a equipe do OCHA, bombeiros brasileiros e governo moçambicano - Foto de UNFPA 

O porta-voz do OCHA (Escritório da Nações Unidas para Assuntos Humanitários) no país, Saviano Abreu acompanhou os momentos mais dramáticos de ontem.  O ciclone Kenneth, que atingiu o norte do país, afectou mais de 168.000 pessoas. Dados iniciais da província de Nampula indicam que outras 42.000 pessoas foram deslocadas devido a chuvas e cheias. Estima-se que mais de 7 mil mulheres grávidas estejam em risco de parto inseguro nas áreas atingidas. 

"Nosso principal desafio está ligado às condições climáticas para chegar às comunidades. Eu estive no Bairro Mahate, onde muitas pessoas estavam em áreas em risco de deslizamento. Corremos para lá e activamos um dispositivo para tirá-las das áreas propensas a inundações. Com as chuvas fortes, a operação está sendo muito complicada e temos que lutar contra o tempo para salvar vidas", destacou Saviano.