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As mulheres de ascendência africana continuam a carregar a tocha da justiça no meio de desigualdades de longa data

As mulheres de ascendência africana continuam a carregar a tocha da justiça no meio de desigualdades de longa data

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As mulheres de ascendência africana continuam a carregar a tocha da justiça no meio de desigualdades de longa data

calendar_today 30 August 2023

Uma mulher e o seu bebé.
© UNFPA Mozambique/Mbuto Machili

Declaração da Directora Executiva do UNFPA, Dra. Natalia Kanem, no Dia Internacional dos Afrodescendentes 202

As mulheres de ascendência africana fazem parte de um legado extraordinário. Lideraram movimentos para acabar com a escravatura e defender os direitos fundamentais para si próprias e para as suas famílias e comunidades.

As mulheres afrodescendentes nunca desistiram da procura de igualdade, justiça e reconhecimento. São defensoras incansáveis porque vivem a realidade das formas de discriminação que se cruzam. Ao exigirem os seus direitos inalienáveis, estão a contribuir para sociedades mais justas e inclusivas.

O Dia Internacional dos Povos Afrodescendentes é um momento para reconhecer as suas contribuições para o mundo e renovar o apelo à promoção e proteção dos direitos humanos das pessoas descendentes de africanos vítimas de escravatura.

É também um momento para analisar a forma como o racismo sistémico, o sexismo e outros factores continuam a minar a capacidade de ação das mulheres de ascendência africana e a empurrá-las para uma maior pobreza e para resultados de saúde mais fracos.

Novos dados do UNFPA revelam que as mulheres e raparigas afrodescendentes em todo o continente americano são vítimas de negação sistémica de cuidados de qualidade, maus-tratos e abusos por parte do sector da saúde, o que conduz a impactos mortais. Nos Estados Unidos, as mulheres e raparigas afrodescendentes têm três vezes mais probabilidades de morrer durante ou pouco depois do parto do que as não afrodescendentes; no Suriname, têm 2,5 vezes mais probabilidades; e 1,6 vezes mais probabilidades no Brasil e na Colômbia.

Estas mortes são, na sua maioria, evitáveis. Podemos acabar com o racismo e o sexismo que estão na origem dos padrões de abuso e negligência que ceifam tantas vidas. Podemos erradicar a discriminação profundamente enraizada nos currículos médicos e na prestação de serviços de saúde, bem como nas opções políticas que reduzem os fundos, o pessoal e o equipamento das comunidades de origem africana em todo o lado.

Para ultrapassar estas barreiras, precisamos de dados desagregados. A maioria dos países regista as taxas de mortalidade materna; apenas alguns conseguem mostrar como as taxas variam entre as diferentes raças. Nas Américas, por exemplo, apenas 11 dos 35 países recolhem estatísticas sobre a mortalidade materna por raça.

Um programa pioneiro de obstetrícia de base comunitária na Colômbia, Partera Vital, reduziu a zero as mortes maternas ao procurar compreender e responder às necessidades numa área com populações afro-colombianas e indígenas. Ao apoiar serviços que vão ao encontro das necessidades e preferências expressas pelas mulheres e raparigas, podemos alcançar resultados poderosos.

O UNFPA desempenha um papel de liderança global na melhoria dos cuidados de saúde e na obtenção de justiça e desenvolvimento para as pessoas de ascendência africana, especialmente mulheres e raparigas. Estamos a acelerar a melhoria dos dados para que os países possam tomar medidas correctivas urgentes. Temos muito trabalho pela frente, mas nunca desistiremos.

Continuaremos a trabalhar com parceiros para erguer as comunidades marginalizadas e acabar com o racismo e a discriminação sob todas as formas, para que um dia o sol se levante sobre um mundo de direitos e escolhas para as pessoas de ascendência africana e para todos.