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A violência contra as mulheres e as raparigas invadiu todos os espaços, incluindo os virtuais - isto tem de acabar

A violência contra as mulheres e as raparigas invadiu todos os espaços, incluindo os virtuais - isto tem de acabar

Declaração

A violência contra as mulheres e as raparigas invadiu todos os espaços, incluindo os virtuais - isto tem de acabar

calendar_today 25 November 2023

Uma jovem mulher guarda números de linhas de apoio no seu telemóvel em Moçambique. Foto: UNFPA Moçambique / Mbuto Machili
Uma jovem mulher guarda números de linhas de apoio no seu telemóvel em Moçambique. Foto: UNFPA Moçambique / Mbuto Machili

Declaração da Diretora Executiva do UNFPA no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres 2023

 

Para muitas mulheres e raparigas, nenhum lugar é completamente seguro. A violência invade as suas casas, escolas e locais de trabalho e, agora, está também, e de forma alarmante, a  tornar-se generalizada nas suas vidas digitais. 

A violência online pode acontecer em qualquer lugar, a qualquer pessoa, em qualquer altura. No entanto, afecta mais as mulheres e as raparigas.

A nível mundial, quase 60 por cento das mulheres sofreram alguma forma de violência digital, nos seus telemóveis ou online. São bombardeadas com publicações tóxicas nas redes sociais, discursos de ódio e conteúdos violentos, ou vêem as suas imagens sexualizadas, distorcidas e partilhadas sem a sua autorização.

Para as pessoas mais vulneráveis a formas interseccionais de discriminação, os níveis de violência digital que sofrem são ainda maiores. Pesquisas mostram que as pessoas LGBTQIA+, as mulheres e raparigas com deficiência e as pessoas de ascendência africana são vítimas de abusos online especificamente relacionados com as suas identidades. Estima-se que as mulheres negras têm 84 por cento mais probabilidades de serem atacadas em tweets abusivos do que as mulheres brancas.

Felizmente, as sobreviventes e os aliados estão a agir. Mais de 54.000 signatários já aderiram à campanha #bodyright do UNFPA e comprometeram-se a defender o direito à autonomia do corpo e à liberdade contra a violência. Sobreviventes e defensores - artistas, activistas, políticos, especialistas em tecnologia, entre outros - estão a partilhar histórias e a exigir mudanças.

O UNFPA é um líder proeminente da Iniciativa Spotlight UE-ONU, que, a nível mundial, ajudou a reforçar 477 leis e políticas para acabar com todas as formas de violência contra mulheres e raparigas. A título de exemplo, a Iniciativa Spotlight apoiou o Zimbabué na adopção do quadro jurídico mais abrangente da África Austral para pôr termo à violência online. Quando implementados, este tipo de leis oferecem protecção, sendo um caminho para a justiça.

Acabar com a violência baseada no género facilitada pela tecnologia depende de as mulheres desempenharem papéis centrais e iguais na concepção dessas mesmas tecnologias e das inovações que estão a moldar o nosso futuro, um objectivo que o UNFPA apoia através da sua Aliança Equity 2030. Actualmente, apenas um quinto das pessoas que trabalham na área da inteligência artificial (IA) são mulheres, apesar de existirem cada vez mais provas dos significativos preconceitos de género da IA. Chegou o momento de corrigir esses desequilíbrios através do investimento em investigação e design inclusivos em termos de género. 

A tecnologia, concebida da forma correcta, pode servir as necessidades dos sobreviventes. É por isso que o UNFPA desenvolveu recentemente orientações sobre a utilização e criação de tecnologias seguras, éticas e centradas nos sobreviventes para combater a violência baseada no género. 

Online ou offline, todos os espaços devem estar livres de violência baseada no género. Neste Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, comprometemo-nos de novo com acções concretas que protegem as mulheres e as raparigas em toda a sua diversidade. Vamos, todas e todos, compremeter-no com a construção de um mundo mais justo, inclusivo e equitativo, onde as mulheres e as raparigas possam viver em paz.