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Sofala, Moçambique - No dia 18 de abril de 2024, um momento histórico de esperança e progresso conteceu no recém-inaugurado Bloco Operatório do Centro do Saúde do Distrito de Dondo. Lisete Joaquim, uma jovem mulher de 22 anos, encontrava-se em trabalho de parto quando deu entrada na unidade de saúde. Residente no bairro Nhamaiabwe, Lisete esperava ansiosamente a chegada do seu primeiro filho. 

O dia avançava e, junto com ele, os desafios de Lisete. O trabalho de parto que começara de forma esperançosa logo se transformaram numa situação de risco devido a uma complicação conhecida como Desproporção Céfalo Pélvica (DCP). Perante essa complicação, a equipa médica, liderada pela experiente enfermeira de saúde materno-infantil, Leonor Carimo Alberto Joaquim, tomou a decisão crucial de realizar uma cesariana para garantir a segurança da mãe e do bebé.

Às 16:30, Lisete foi conduzida à sala de operações, onde a dedicada cirurgiã Rosa Saquina Marovos liderava a equipa. A tensão no ar era palpável, mas a determinação e o profissionalismo da equipe médica tranquilizaram Lisete. 

Senti-me segura e confortável, senti que estava em boas mãos.


Lisete Joaquim, a primeira mãe a ser submetida a uma cesariana no novo bloco operatório do Dondo, segura o seu filho recém-nascido. ©UNFPA Moçambique/2024

“Senti-me segura e confortável, senti que estava em boas mãos,” partilhou a Lisete. Momentos depois, o choro do recém-nascido encheu a sala, trazendo alívio e alegria a todos os presentes. Era um menino robusto, com 3,3 kg, que logo foi colocado nos braços amorosos da sua mãe.

Após o sucesso da cesariana, Lisete foi transferida para o quarto de recuperação, onde recebeu cuidados médicos e apoio emocional durante quatro dias. 

“Eu agredeco muito a assistência da equipa do bloco operatório, e do próprio bloco, claro. Agradeço ainda todo o conforto que recebi durante este processo,” exclamou Lisete quando questionada sobre a sua experiência pós-parto. Enquanto isso, a Enfermeira Leonor continuava acompanhando de perto o progresso da Lisete e do seu bebé, fornecendo cuidados pós-natais e orientações sobre os próximos passos.

“Estou muito feliz por a nossa primeira cesariana ter corrido bem e por poder ver a mãe e o bebé todas as semanas para cuidados pós-natais, incluindo planeamento familiar,” disse a enfermeira. “Espero que todos os bebés e mães que entram na nossa sala de operações tenham o mesmo resultado.” Enquanto isso, Rosa, a cirurgiã que liderou a operação, reflectia sobre a importância do novo bloco operatório para a comunidade. 

Estou muito feliz por a nossa primeira cesariana ter corrido bem e por poder ver a mãe e o bebé todas as semanas para cuidados pós-natais, incluindo planeamento familiar.

 


 Membros do UNFPA e da KOICA encontram-se com profissionais de saúde do Centro Distrital de Saúde do Dondo na nova sala de operações na província de Sofala. ©UNFPA Moçambique/2024

O bloco operatório foi possível graças ao projecto Melhoria da Saúde Reprodutiva, Materna e dos Adoslecentes, que esta a ser implementado em quatro distritos da província de Sofala (Beira, Dondo, Nhamatanda e Búzi). Liderado pelo Governo de Moçambique, com o apoio técnico do UNFPA ( Fundo das Nações Unidas para a População), e financiamento da Agência de Cooperação Internacional da Coreia (KOICA), o projecto pretende mudar os dados nacionais que dão conta que, só em Sofala, a taxa de mortalidade materna da província é de 355 por 100.000 nados vivos (Censo 2017).

Desde a sua inauguração, e até 16 de abril de 2024, o bloco já realizou 19 cesarianas com sucesso, proporcionando assistência vital para mães e bebés da região. 

A cirurgiã Rosa sente-se realizada por fazer parte deste progresso, sabendo que agora as mulheres não precisam mais de ser transferidas para hospitais distantes em caso de emergência obstétrica.

 


O recém-inaugurado Bloco Operatório do Centro de Saúde do Distrito do Dondo, na província de Sofala, em Moçambique, financiado pelo Governo da Coreia do Sul. ©UNFPA Moçambique/2024

Além disso, o impacto do novo bloco operatório vai além do atendimento médico directo. A equipe da unidade de saúde está empenhada em informar as comunidades vizinhas sobre essa nova infraestrutura, garantindo que todas as mulheres grávidas tenham acesso a cuidados obstétricos de qualidade. Essa iniciativa representa um avanço significativo na redução das taxas de mortalidade materna e neonatal na região.

A recente mãe Lisete sonha agora com um futuro brilhante para o seu filho e para todas as crianças da sua comunidade, onde a saúde e o bem-estar são prioridades. Com o nascimento do seu filho, Lisete sentiu-se revigorada e cheia de esperança, sabendo que o seu país está a dar passos significativos em direcção a um futuro mais saudável e promissor para a sua população. 

Uma nova era de cuidados obstétricos começou no distrito do Dondo, trazendo consigo a promessa de um amanhã mais tranquilo para mães, bebés e as suas famílias.