(adaptado de histórias fornecidas pela Plan International)
O distrito de Dondo, na província de Sofala, Moçambique, foi uma das áreas mais afetadas pelo ciclone Idai em 2019, quando ventos fortes destruíram casas e campos de cultivo. Muitas mulheres que antes dependiam das suas pequenas machambas de subsistência para alimentação e fonte de renda ficaram com poucos ou nenhum meio de sustentar as suas famílias.
Amélia, de 60 anos, nasceu na província da Zambézia, mas vive no distrito de Dondo há 4 anos (desde 2016). Tendo sentido os efeitos do ciclone Idai, ela é uma das muitas mulheres que perderam tudo por causa das intensas enchentes. Ainda ajudando no sustento dos seus 8 filhos e 3 netos órfãos, Amélia relembra os momentos difíceis pelos quais passou e como conseguiu superar essas dificuldades aprendendo novas habilidades em centros de acomodação feitos pelo Governo e parceiros, incluindo a Plan International, e apoiados pelo UNFPA, para indivíduos deslocados pelo ciclone Idai.
“Durante o ciclone Idai as cheias foram tão intensas que perdi as minhas quintas em Buzi, Tika e Dondo. Fiquei com o coração partido porque a minha família teria que ficar sem comer e eu não tinha onde pedir ajuda, porque todos estavam a lidar com as suas próprias perdas. Foi um dos períodos mais difíceis da minha vida, e eu não tinha certeza se a minha família seria capaz de sobreviver às enchentes,” disse Amélia.
Dentro do centro de acomodação, estão em andamento atividades que ajudam mulheres como Amélia a gerar até mesmo uma pequena renda com a produção de cestos de palha, costura e confecção de tapetes para venda.
Financiado pela Embaixada da Noruega, através do UNFPA, Fundo das Nações Unidas para a População, o Projeto de Recuperação Pós-Ciclone Idai e Kenneth para restaurar a dignidade e construir resiliência através de serviços de prevenção e resposta à VBG para mulheres e raparigas implementado pela Plan International Mozambique nos distritos de Dondo, Nhamatanda e Buzi, está instalada em centros de acolhimento e espaços seguros para mulheres, e auxilia no fornecimento de matéria-prima, máquinas de costura e formação empresarial básica.
Desde o surto da COVID-19 em Moçambique, o projeto também capacita as mulheres desses centros e espaços seguros para a confecção de máscaras caseiras, que são vendidas localmente para a comunidade e ajudam a prevenir a transmissão do vírus.
“Na minha idade, há poucas opções de emprego e nunca fui à escola. Morando no centro de acomodação, pude aprender novas habilidades que me ajudaram a alimentar a minha família, mesmo durante esta pandemia. Isso é uma bênção porque nunca pensei que nos recuperaríamos depois do ciclone. Embora eu tenha perdido todas as minhas colheitas, agora posso fazer produtos para vender e ganhar uma renda para comprar alimentos e outras necessidades para a minha família,” diz Amélia.
Seguindo em frente, o projeto visa apoiar até 216 mulheres com novas habilidades, conhecimentos e oportunidades, para que possam construir a sua independência financeira, resistindo a quaisquer choques ou tensões que apareçam.