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Quando era mais nova, Gilda Miguel, de 22 anos de idade, lembra que tinha como foco evitar uma gravidez precoce. “Um dos maiores motivos que me levou a abraçar o ativismo é o facto de ser uma oportunidade para incentivar as outras raparigas a não desistirem dos seus estudos e dos seus sonhos, apesar das dificuldades que enfrentam no dia-a-dia,” declarou Gilda.

Com o desejo de mudar o cenário na sua comunidade, tornando-se um modelo na luta pelos direitos da mulheres, eliminação das uniões prematuras, e incentivar as raparigas a seguir seus próprios sonhos, Gilda abraçou o programa de saúde e direitos sexuais e reprodutivos (SDSR), Minha Escolha, no distrito de Macanga, província de Tete. 
 


Gilda e a sua filha no colo

Financiado pelo Reino dos Países Baixos, o programa Minha Escolha, findo em Dezembro de 2022, visava reduzir as gravidezes indesejadas entre raparigas e mulheres jovens, através do acesso universal ao planeamento familiar e aos serviços de saúde sexual e reproductiva (SSR) nas províncias de Tete e Cabo Delgado. 51% das raparigas de 17 anos em Cabo Delgado e 36% em Tete são casadas (Censo 2017). Através de actividades de aconselhamento para melhorar os conhecimentos e acesso à informação sobre SDSR e conscientização para os seus direitos, o programa apoiou raparigas e mulheres jovens de forma a dar-lhes opções em suas escolhas.

Pouco tempo depois de se juntar ao Minha Escolha como activista, Gilda descobriu que estava grávida, facto que a forçou a interromper as suas actividades como voluntária.

“Foi um momento difícil para mim, mas prometi a mim mesma que a paragem seria temporária, razão pela qual regressei logo após o nascimento da minha filha,” comentou e acrescentou: “sempre sonhei em ser uma mulher independente, por isso luto todos os dias para ter um futuro melhor e para que a minha filha se inspire em mim.”

A jovem mãe reconhece o impacto positivo que Minha Escolha teve na sua vida, uma vez que presentemente ela é mais informada, segura nas escolhas que faz e partilha o conhecimento com as outras raparigas e mulheres da sua comunidade. Até porque Gilda recebeu diversas formações sobre saúde sexual e reproductiva, planeamento familiar e violência baseada no género.

À semelhança de Gilda, mais de 50 mil raparigas receberam mentoria e foram formadas em  seis distritos da província de Tete nos quais foi implementado o programa Minha Escolha, aumentando, assim, o acesso à informação sobre os seus direitos sexuais e reproductivos. Aliado a isso, foram reabertos mais de 33 Serviços de Atendimento ao Adolescente e Jovem (SAAJ), criando um espaço seguro para o aconselhamento deste grupo-alvo. 

Gilda considera-se privilegiada por fazer parte deste grupo e, durante as visitas à comunidade, partilha a sua própria história de vida para conscientizar outras raparigas ou jovens mulheres para o uso de contraceptivo, evitarem uniões prematuras e denunciarem quaisquer formas de violência baseada no género.   

 


Lufiness Zondela, mãe e activista.

“Ao contrário do que acontecia antigamente, hoje em dia, graças ao Minha Escolha, as raparigas têm mais informações e, consequentemente, não engravidam, muito menos, envolvem-se em uniões precocemente e conseguem concluir os estudos”, comentou Lufiness Zondela, activista da comunidade de Chiloa, no distrito de Macanga.

“Ao contrário do que acontecia antigamente, hoje em dia, graças ao Minha Escolha, as raparigas têm mais informações e, consequentemente, não engravidam, muito menos, envolvem-se em uniões precocemente e conseguem concluir os estudos”, comentou Lufiness Zondela, activista da comunidade de Chiloa, no distrito de Macanga.

Volvidos quatro anos de implementação, os resultados do programa Minha Escolha continuam visíveis na província de Tete. Este facto comprova-se no comprometimento feito pelos beneficiários em continuarem a desenvolver actividades de sensibilização. 

“Com o fim do projecto, o nosso papel será continuar a apoiar o núcleo escolar como forma de desencorajar as práticas nocivas à raparigas, e garantir o envolvimento dos mais novos para que continuem o trabalho dos mais velhos que já irão se desligar da escola,” disse a professora Nieta Fracata.

O UNFPA, através dos seus parceiros de desenvolvimento como o Reino dos Países Baixos, apoia o Governo de Moçambique, permitindo que raparigas e jovens mães tenham acesso à informação e aos serviços de saúde sexual e reproductiva, à semelhança de Gilda que hoje sonha em ser técnica de saúde materno-infantil para ajudar a sua comunidade.