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“Registar uma menina é protegê-la de diferentes tipos de violência”

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“Registar uma menina é protegê-la de diferentes tipos de violência”

calendar_today 02 April 2024

Mentoras da organização da sociedade civil Coalizão, parceira do UNFPA, realizam uma actividade de sensibilização
Mentoras da organização da sociedade civil Coalizão, parceira do UNFPA, realizam uma actividade de sensibilização sobre Violência Baseada no Género e Saúde Sexual e Reprodutiva enquanto os membros da comunidade esperam para se registarem a si e às suas família. © UNFPA Moçambique/ Nordine Ferrao

O registo civil é um direito humano e uma poderosa ferramenta de protecção para a população, nomeadamente as raparigas. Em Moçambique, o UNFPA apoia o Governo para a promoção de campanhas de Registo Civil e a integração nas mesmas de serviços de prevenção e resposta a casos de violência baseada no género e uniões prematuras. 

Zambézia, Moçambique - Marina acorda antes do amanhecer para iniciar uma viagem de 10 quilómetros até à escola 25 de Setembro, no distrito de Milange, província da Zambézia. Soube que nesse dia uma brigada de registo civil estaria na escola, e quer assegurar o registo de todos os seus filhos. Chega à escola pelas três da manhã, quer registar a sua filha mais nova. 

“Tive o meu primeiro filho ao treze anos, e antes dos 18 anos já tinha mais dois. Hoje sou mãe de cinco filhos”, partilha Marina, acrescentando que para ela, o registo dos seus filhos é importante “para que possam fazer coisas no futuro, sobretudo ir à escola”. 

Em Moçambique, cerca de quatro em cada 10 raparigas estão em situação de união prematura antes dos 17 anos, com 25% do total dos partos nacionais a ocorrerem no grupo de raparigas com idades entre os 15 e os 19 anos (Censo 2017). Muitas vezes, é durante estas campanhas que novos casos de uniões prematuras e gravidezes precoces são sinalizados. 

O UNFPA promove junto ao Governo de Moçambique uma abordagem de Registo Civi e Estatísticas Vitais “ao longo da vida”- ​​​desde o nascimento até à morte, incluindo o casamento e o divórcio - garantindo que a identidade legal de uma pessoa é progressivamente actualizada ao longo da vida e que os seus direitos de acesso a serviçoes e oportunidades são garantidos.© UNFPA Moçambique/ Nordine Ferrao

A brigada de registo civil em que Marina participou faz parte de um esforço para reforçar os dados recolhidos a nível provincial para o Sistema de Registo Civil e Estatísticas Vitais (RCVS) de Moçambique. Com o apoio do Governo Reino Unido, e em parceria com o Ministério da Justiça e a organização da sociedade civil Associação Coalizão da Juventude Moçambicana, o UNFPA está a prestar apoio às instituições do Sistema Nacional de Estatística para gerar, monitorar e rastrear dados e evidências sobre a violência baseada no género e uniões prematuras durante estas campanhas.

“A importância do registo civil é indicutível. Só com os seus documentos é que a população pode ter acesso à saúde, educação e todos os outros serviços básicos. Integrar nestas campanhas uma componente de sensibilização para a violência baseada no género e uniões prematuras é fundamental, assim como fazer o seguimento de casos.  É muitas vezes durante estas campanhas que novos casos de uniões e partos prematuros são sinalizados”, explica Elisa Raimundo, mentora da Coalizão. 

O registo de nascimento, considerado um direito humano fundamental, é uma ferramenta essencial para prevenir e combater as uniões prematuras, estabelecendo a idade dos indivíduos e garantindo a sua protecção, sobretudo a das meninas, contra uniões forçadas.

“O registo é importante para toda a população, mas para as meninas funciona quase como uma defesa! É através do registo de nascimento que pode ser dada prova de casos de uniões e gravidezes prematuras. É através da identificação oficial da menor que esses casos podem ser devidamente direccionados para a Justiça. Registar uma menina é protegê-la de diferentes tipos de violência aos quais ela pode estar exposta”; explica Manuela, outra mentora da Coalizão presente na campanha.

Com a sua certidão de nascimento, a filha de Marina poderá, daqui a uns anos, garantir o seu acesso à escola, evitar uma união prematura à luz da Lei de Prevenção e Combate das Uniões Prematuras, ter acesso a serviços de planeamento familiar e justiça. A garantia dos direito ao registo civil para a filha da Marina, é também a garantia de um futuro onde as possibilidades de realizar o seu potencial são aumentadas. 

“Já fiz o que queria”, partilha Marina depois de registar a sua filha, “a minha filha vai poder ir estudar, trabalhar e todas essas coisas a que tem direito”.