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Em 23 de Maio, o Dia Internacional pelo Fim da Fístula Obstétrica chama a atenção para uma condição que afecta mulheres em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento. Em Moçambique, estima-se que mais de 2.500 novos casos surgirão em 2019. O UNFPA trabalha para prevenir a fístula e a mortalidade de mães e bebês. O casamento precoce e a falta de cuidados primários de saúde são as principais causas. 


Dr. Alberto Alforma atende pacientes no Hospital Provincial de Pemba - Foto de UNFPA Moçambique / Natalia da Luz 

"Isto é causado por um parto prolongado e não assistido, um parto obstruído, onde o bebê não pode nascer porque a cabeça é maior do que o espaço. Dois, três dias depois, esse processo causa complicações que são esses orifícios. A mulher tem incontinência urinária, incontinência fecal, e tudo sai pelo canal vaginal", explicou ao UNFPA Moçambique, o Dr. Alberto Alforma, que trabalha no Hospital Provincial de Pemba, Cabo Delgado. 

Muastaha Amadou, 43 anos, teve fístula durante a sua 8ª gravidez. Há dois anos, durante o trabalho de parto, ela estava em uma comunidade sem acesso ao centro de saúde. Depois de dois dias a tentar dar à luz o seu filho, ela foi para o hospital, mas não foi possível salvar o bebê. Um ano depois de sofrer com a fístula, ela foi operada pelo Dr. Alforma. 

Os irmãos de Muastaha e toda a família apoiaram-na e ajudaram-na a receber tratamento. Em 2017, ela retomou a sua vida.

"A minha vida era muito difícil. Não conseguia andar, dormir, passear. As fezes não pararam de sair. Se eu estivesse nessa condição até hoje, eu não teria sobrevivido", disse Muastaha.

A família de Muastara apoiou a moçambicana durante o tratamento - Foto de UNFPA Moçambique / Natalia da Luz
A família de Muastara apoiou a moçambicana durante o tratamento - Foto de UNFPA Moçambique / Natalia da Luz 

O comprometimento do médico que já operou mais de 550 casos de fístula, vem de uma experiência pessoal. Dr. Alforma perdeu a mãe quando tinha 2 anos. Mais tarde, na adolescência, ele chegou à conclusão de que a sua mãe tinha sofrido uma sepsis e isso foi algo que o inspirou na carreira de cirurgião. 

"Eu gostaria muito, se fosse possível num país como o nosso, com esta condição grave, ter um centro cirúrgico de tratamento da fístula. Se pudesse ser criado, eu seria voluntário. Eu deixaria outras coisas para outros colegas operarem, porque para operar a fístula você precisa de amor. Você precisa de amor".